domingo, 27 de janeiro de 2008

Entre Vidros e Grades

Gostei da idéia desse blog ser um diário de bordo. O idiota que fez a crítica, apesar de ser um tolo pérfido, que não consegue nem enxergar suas próprias misérias, não sabe o bem que fez ao direcionamento do blog, pois amplificou ainda mais os conteúdos a serem colocados, ampliando assim seus horizontes.
Falando em conteúdo, sempre quis ver um filme chamado Crash: no limite, e hoje consegui ver após longo tempo. Gostei do filme, cenas bem entrelaçadas, mostrando uma realidade impactante, mas verossímil, que nos leva a algumas reflexões.
A parte que faz referência ao preconceito e a discriminação, é excepcional, mas este é um assunto que sempre está em voga, não sai de moda.
Logo no início do filme, um dos personagens fala sobre nos escondermos atrás de vidros e grades, algo meio filosófico de acordo com uma visão inicial mais superficial, mas segundo uma ótica mais profunda: real, direta e atual.
“Não existe nenhum saber neutro, todo saber é um saber político”, já dizia Foucault, e é justamente nesse direcionamento do saber, do conhecer, do saber fazer, é que as misérias humanas aparecem.
Poderia me direcionar, a uma visão sociológica ou a uma visão antropológica das coisas, mas acredito que o assunto seja muito complexo para ser resumido em poucas linhas, deixo aos cientistas sociais essa incumbência.
Quero falar do pessoal, do emocional.
Será que nossa vida, hoje, não é atrás de muros e grades? Pense.
Qual a diferença do ex-marido ciumento que matou o atual marido de sua esposa no Valqueire e se suicidou, há poucos dias, do idiota que morre aos poucos, num casamento fracassado onde não tem coragem de tomar novos rumos??
Dez entre Dez pessoas buscam a felicidade, mas não conseguem se revelar através de suas próprias máscaras, alguns nem sabem que as tem, apenas “vão na onda”, a alienação é algo natural, é social, faz bem, o importante é não se alterar aquela vida mais ou menos onde nos acomodamos por infindáveis anos, no nosso “modus vivendi”
Será que não me escondo atrás de grades e vidros?? Será que não sou tão miserável e hipócrita quanto àquele que critico e muitas vezes até humilho, quando traio o meu marido ou esposa?? Será que não sou tão pior ou mais covarde, quando quero “acostumar” alguém a realidade que eu quero que ele tenha?! Será que não sou tão podre, que muitas vezes prefiro não enxergar uma verdade que está na minha cara, porque é mais conveniente viver com a minha confortável mentira?! Será que o deboche, a ironia, as máscaras, a premeditação, a acomodação, o egoísmo, o sarcasmo, a traição, a covardia, a hipocrisia, são características inatas ao ser humano?!
Sabemos que não. Vale a crítica pessoal, pois é através da formação pessoal, do fortalecimento da família, da revitalização dos conceitos morais, que talvez não precisemos mais construir muros ao invés de pontes. Talvez seja um caminho
Um devaneio?!!? Talvez!!! Mas vale a reflexão!!!

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