quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Choro de botafoguense!!!!


"E ninguém cala, esse chororô, chora o presidente, chora o time todo, chora o torcedor".

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

AOS MEUS AMIGOS BOTAFOGUENSES CHORÕES!!!



Depois de um longo e tenebroso inverno, volto ao meu querido blog, para me divertir com as lamúrias dos botafoguenses perdedores e chorões. Aprendam a perder de pé, e chorem na cama, pois a cama é o lugar mais quente que vcs vão encontrar para fazer lamentações... kkkkkkkkik
Coloco aqui um brilhante texto de Luiz Hélio Alves de Oliveira, desguste e aprecie com moderação!!


"O Choro dos Iinjustos"

O russo Maiakovski determinou: tudo pode ser dito num poema! Parafraseando o “poeta da revolução”, eu vos escrevo: (no esporte) tudo pode ser dito num choro! Principalmente se este for o choro coletivo dos que não se assumem derrotados. Diz, por exemplo, que nem todos aceitam a derrota com serenidade e nem são todos que sacodem a poeira e aprendem com o insucesso de hoje para amanhã trilhar o caminho da vitória. Pois até para isso é preciso ser grande e ter luz na alma. Diz que as lágrimas são tão somente para escoar a frustração do peito por mais um fracasso, o que é natural. Só não se pode é usar isso na vã tentativa de descarregar toda a culpa no outro. Diz várias outras coisas. Mas o que de pior traz consigo é o desrespeito para com o vencedor. Sim, porque quando os derrotados sentem-se eternos “coitadinhos” e “injustiçadinhos”, de fato, tentam tirar todo o merecimento e competência dos que lutaram e obtiveram êxito na vitória. Exatamente isso foi o que, vergonhosamente, demonstraram o presidente, técnico e jogadores do time do Botafogo após a decisão da Taça Guanabara, em pleno vestiário do Maracanã.
Voltemos um pouco no tempo e imaginemos o seguinte: o que teriam sentido os torcedores, atletas e dirigentes do Botafogo se na conquista do estadual de 1989 — que tirou o clube de um jejum de duas décadas sem titulo — os rubro-negros adversários daquela final tivessem representado o mesmo teatro bufão e tragicômico da noite do último domingo? Apesar de já terem se passado dezenove anos, quem viu o jogo lembra muito bem que o Fla não foi campeão devido ao gol irregular do atacante botafoguense Maurício, claramente beneficiado ao empurrar o zagueiro flamenguista e, mediante essa infração, ter definido o placar do jogo. Apesar de à época ainda ser apenas um adolescente deslumbrado pelo Flamengo e que pouco entendia o que se passava nos bastidores do futebol, não consigo esquecer do depoimento (dias depois) do árbitro para um canal de tevê confessando ter recebido um cheque do então controvertido Presidente da FERJ e hoje falecido dirigente “Caixa D’água”. E fazendo jus à instituição grandiosa que sempre foi, o Flamengo pode até ter recorrido aos meios legais para apurar tal irregularidade (para não dizer ladroagem mesmo), entretanto, o democrático clube não se entregou aos lamuriosos apelos piegas tipicamente das agremiações auto-inferiorizadas. Afinal, um clube acostumado às maiores glórias do esporte consegue se impor e se fazer grande até nas mais tristes adversidades. Exemplos para ilustrar isso não faltam. Já imaginaram se o Flamengo tivesse vencido alguns títulos de um estadual disputado somente contra os times pequenos, sem as presenças dos seus três rivais, como ocorreu com o Vasco tantas vezes? E se fosse o Flamengo campeão de um escandaloso estadual denominado de “Caixão” no ano de 2002, “vencido” pelo Fluminense numa segunda ou terça-feira às três horas da tarde contra o Americano e até o momento contestado pelo Bangu? Como pode o time do “sistema”, o “queridinho” da mídia não ter sido o real beneficiado com tais ardilosas armações, deixando isso justamente para os seus “coitadinhos” rivais? Ora, ora, ora… que chatice, ou melhor, que “frescurite”. E após a final do Brasileiro de 1995 entre o Glorioso “injustiçadinho” e o time do Santos, o que dizer? Sinceramente, por mais protestos que tenham ocorrido por parte de todos os santistas e de toda a mídia paulista, não lembro de nenhum jogador do Peixe fazer melodrama em rede nacional por conta do “banho” de uma enorme banheira que receberam do atacante Túlio. Um gol totalmente irregular. Isso não conta. Até porque eles são os “coitadinhos” e só vencem com méritos.
O Flamengo é que é o “time mal”, que faz parte de uma rede de conspiração intergaláctica, responsável (sic) pelas mortes de Kennedy, Luther King e John Lennon, além do tiro disparado contra o Papa. E mais, foi também o Flamengo que instaurou a ditadura militar no Brasil e ainda lançou aviões contra as Torres Gêmeas. Enfim, esse representante do sistema (e o que seria mesmo essa coisa chamada de sistema?!), é um clube que sempre vence sem méritos e pelo qual nunca, nunquinha mesmo, passaram alguns dos maiores heróis nacionais do esporte. Uma agremiação que, aliás, nunca foi homenageada na música, na literatura, no cinema ou na televisão por alguns dos maiores artistas e intelectuais brasileiros. Craques geniais, torcida letrada e sempre vibrante que proporciona um dos mais belos espetáculos do mundo, só nos seus rivais caseiros e nacionais. A sua “torcidinha”, absurdamente chamada de “Nação” pelos “mentirosos” e “tiranos” da imprensa, seria apenas uma massa de ignorantes iletrados e caboclos banguelas (todos sem exceção!!!), comumente chamados de “imundos”, “flavelados” e “coisas” pelos nobres inteligentes e europeus arco-íris auto-denominados conscientes, mas que estranhamente são renegados pelo “sistema”.
Legalzinho isso, né? Dá até comoção. “Ninguém me ama, ninguém me quer, ninguém me chama de Baudelaire”. Claro que chorar também faz bem. Eu próprio sou altamente sensitivo e choro por tudo. Por tristeza, por alegria, por um poema bem escrito, por uma bela cena de cinema, por um carinho ou beijo da minha amada e por vários outros sentimentos que fazem parte da natureza humana. Só não é bacana é chorar lágrimas de crocodilos. Isso sim é injusto. Engraçado é que quando os “coitadinhos injustiçadinhos” estão por cima da carne seca, são os maiorais. Quando o Flamengo atravessava o auge da sua crise, era o “pior time do mundo”, o “sem ter nada” (em alusão ao Centenário) e os coros de “ão ão ão segunda divisão” ecoavam nos estádios Brasil afora mesmo ainda na metade do campeonato. Uma pergunta. De 97 a 2000, quando o Vasco venceu o Carioca, a Libertadores, o Brasileiro e a Mercosul (só não conseguiu vencer nenhum campeonato contra o “time malzinho”), alguém ouviu ao menos um vascaíno detonar com a mídia ou se acharem “coitadinhos injustiçadinhos”? Terão eles sido cooptados pelo “sistema” nesse período? A verdade é que basta o Mais Querido começar a se reerguer e vislumbrar alcançar novamente o posto que sempre lhe foi devido, para que (agora sou eu quem vou soltar o verbo, mas sem choro!) esses frustradinhos arrogantes e péssimos perdedores começarem a lançar seus venenos contra o Flamengão.
Acontece que esse injurioso lamento dos chorões a gente vai responder é lá no gramado, nas arquibancadas e nas ruas de todo o país. Com a Raça, o Amor e a Paixão de sempre, fazendo o Mengo continuar a ser por toda a eternidade o clube mais amado do mundo. Tá certo, e também o mais odiado. Fazer o quê se alguns preferem sofrer? Com o perdão da rima.
E com as iminentes conquistas dos bicampeonatos da Libertadores e do Mundial, o Ministério da Saúde terá que lançar com a máxima urgência uma grandiosa campanha de distribuição gratuita de Prozac para boa parte da população. É que o sucesso do Flamengo faz mal à saúde e ao bem-estar… dos infiéis e sofredores arco-íris que sempre estão a derramar o choro dos injustos.
Comemorar a décima oitava Taça Guanabara? Que nada, esse foi só um pequeno ensaio da rapaziada do corajoso e honrado escrete rubro-negro para a grande festança que ainda estar por vir.
“Chora! Não vou ligar, não vou ligar! Chegou a hora, vais me pagar, pode chorar, pode chorar…”.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Quando a gente pensa que viu tudo nessa vida...


Quando a gente pensa que já viu de tudo nessa vida, nós ganhamos uma rasteira. Estes são os bastidores do bloco Cordão do Bola Preta no Carnaval 2008.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Tragicomédias

Como o blog se interessa por curiosidades e assuntos atípicos, atualizo-o colocando estas duas notícias encontradas nos meus alfarrábios, que são no mínimos interessantes.
A primeira fala sobre uma das nossas paixões nacionais, o futebol. Nossos jogadores reclamam da torcida, acho que eles deveriam ler esta notícia:


Time iraquiano é envenenado por torcedores

Publicada em 08/02/2008 às 17h25m

Lancepress

RIO - O Al-Quwa Al-Jawiya, clube mais antigo do Iraque, foi alvo de um ato terrorista há dez dias. Jogadores, familiares e membros da comissão técnica da equipe foram envenenados após uma partida e estão internados, informou nesta sexta-feira a agência Ansa. Um garoto que estava em estado grave desde segunda-feira morreu.
- Tudo começou há dez dias em Bagdá, quando os jogadores estavam comemorando uma vitória com treinadores e familiares - confirmou Saad al Hayani, embaixador iraquiano em Amã.
As primeiras investigações revelam que o envenenamento teria sido causado por um bolo distribuído por torcedores do próprio clube. As vítimas foram transferidas para Amã, na Jordânia, onde podem contar com melhor estrutura hospitalar.
Desde que chegaram ao país vizinho do Iraque, os envenados mostraram boa recuperação. As vítimas foram transportadas para o país em um avião militar.
Fundado em 4 de julho de 1931, o Al-Quwa Al-Jawiya é ligado à Força Aérea do país. Seu maior rival é o time da Guarda Real, fundado por ingleses.
O Al-Quwa Al-Jawiya já havia sido alvo de ações terroristas em setembro de 2006, quando o jogador Ghanin Khodair, de 21 anos, foi seqüestrado por um grupo armado. Desde então, não se tem conhecimento de seu paradeiro.
Em maio do mesmo ano, 15 integrantes da equipe iraquiana de taekwondo foram capturados na estrada que liga a capital do país, Bagdá, à Amã. Cadáveres de 13 deles foram encontrados apenas meses depois.

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A outra notícia se refere as inutilidades feitas pelo "Nosso Prefeito" e seus funcionários, e nós ainda pagamos pra isso, ou vc acha que o dinheiro para esse besteirol, veio do bolsop de quem?!!?



Prefeitura causa confusão ao informar que general San Martin foi presidente da Argentina

Publicada em 08/02/2008 às 23h32m

Carla Rocha - O Globo

RIO - Foi dada a largada na caça aos erros históricos. Explica-se: a instalação de uma nova placa na Avenida General San Martin, no Leblon, desencadeou a maior confusão. Uma das 18 mil que serão substituídas pela prefeitura do Rio por outras com informações sobre cada um dos homenageados, ela diz que o famoso general foi presidente da República da Argentina. Não que ele, verdadeiro herói nacional, não merecesse o galardão, mas San Martin não foi presidente do país vizinho. O que aconteceu foi que a Plamarc - empresa que ganhou uma licitação para fazer o serviço em troca explorar a publicidade nos locais por 20 anos -, ao tentar fazer um gol de placa, errou feio e deu a maior bola fora.
O resultado é que, agora, moradores de vários bairros viraram fiscais de placas em busca de novos erros. Presidente da associação de moradores do Jardim de Alah, o administrador de empresas Bruno Pereira, mora no Leblon e está atento a equívocos ou imprecisões.
- Na Praça Almirante Belfort Vieira, por exemplo, a placa apenas informa que ele era militar. Mas quanto a isso nunca houve dúvida - disse.
O almirante Belfort Vieira foi ministro da Marinha, vice-governador do Amazonas e governador do Maranhão.
A busca pelos culpados mobilizou nesta sexta-feira a Plamarc e a prefeitura. A empresa disse que os dados errados eram da Divisão de Logradouros da Secretaria municipal de Urbanismo. Ontem, a diretora do setor, Sandra Frazão, foi consultar a ficha e constatou a falha.
Para que o erro não se repita, vale registrar que San Martin lutou pela independência da Argentina, do Chile e do Peru. Neste último, após vencer a resistência espanhola, declarou a independência do país e foi eleito "protetor". Mas, ao contrário do que sugere a placa, o militar não gostava de títulos e renunciou a ele quando se formou um novo parlamento no país.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português.É considerado um dos maiores poetas de língua portuguesa, e o seu valor é comparado ao de Camões, e sendo este blog, destinado a assuntos de cultura geral, deixo registrado alguns trechos de obras desse excepcional escritor.


Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração

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Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!

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Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma. Quem vê é só o que vê. Quem sente não é quem é. Atento ao que sou e vejo. Torno-me eles e não eu.Cada meu sonho ou desejo. É do que nasce e não meu. Sou minha própria paisagem; Assisto à minha passagem. Diverso, móbil e só. Não sei sentir-me onde estou. Por isso, alheio, vou lendo como páginas, meu ser. O que segue não prevendo, O que passou a esquecer. Noto à margem do que li, o que julguei que senti. Releio e digo : "Fui eu ?" Deus sabe, porque o escreveu!

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Travessia

Creio no mundo como num malmequer, Porque o vejo. Mas não penso nele. Porque pensar é não compreender...O Mundo não se fez para pensarmos nele (Pensar é estar doente dos olhos) Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo... Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é. Mas porque a amo, e amo-a por isso.Porque quem ama nunca sabe o que ama.Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

"A Carne que Nada Vale"

O Carnaval é um período de festas regidas pelo ano lunar que tem suas origens na Antiguidade e recuperadas pelo Cristianismo, que começava no dia de Reis (Epifania) e acabava na Quarta-feira de cinzas, às vésperas da Quaresma. O período do Carnaval era marcado pelo "adeus à carne" ou "carne nada vale" dando origem ao termo "Carnaval". Durante o período do Carnaval havia uma grande concentração de festejos populares. Cada cidade brincava a seu modo, de acordo com seus costumes. O Carnaval moderno, feito de desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana do século XIX. As cidades de Paris e Veneza foram os grandes modelos exportadores da festa carnavalesca para o mundo. Cidades como Nice, Nova Orleans, Toronto e Rio de Janeiro se inspirariam no Carnaval francês para implantar suas novas festas carnavalescas.
Atualmente o Carnaval do Rio de Janeiro, Brasil é considerado um dos mais importantes desfiles do mundo.
Para alguns pesquisadores o Carnaval tem raízes históricas que remontam aos bacanais e a festejos similares em Roma; alguns historiadores mais ousados chegam mesmo a relacionar o Carnaval a celebrações em homenagem à deusa Ísis ou ao deus Osíris, no Antigo Egito. Uma outra corrente acredita que a festa iniciou-se com a adoção do calendário cristão.
A festa carnaval teve seus primeiros relatos em Roma XI. Em Roma havia uma festa, a Saturnália, em que um carro no formato de navio abria caminho em meio à multidão, que usava máscaras e promovia as mais diversas brincadeiras. Essa festa foi incorporada pela Igreja Católica, e segundo alguns a origem da palavra Carnaval é carrum navalis (carro naval). Essa etimologia, entretanto, já foi contestada. Actualmente a mais aceita é a que liga a palavra "Carnaval" à expressão carne levare, ou seja, afastar a carne, uma espécie de último momento de alegria e festejos profanos antes do período triste da quaresma.
Em 1091 a data da Quaresma foi definitivamente estabelecida pela Igreja Católica; como consequência indireta disso, o período de Carnaval se estabeleceu na sociedade ocidental, sofrendo, entretanto, certa oposição da Igreja, na Europa. Embora alguns papas tenham permitido o festejo, outros o combateram vivamente, como o Papa Inocêncio II.
À seqüência do Renascimento o Carnaval adotou o baile de máscaras, e também as fantasias e carros alegóricos.
Todos os feriados eclesiásticos são calculados em função da data da Páscoa. Como o domingo de Páscoa ocorre no primeiro domingo após a primeira lua cheia que se verificar após 21 de março, e a sexta-feira da Paixão é a que antecede o Domingo de Páscoa, então a terça-feira de Carnaval ocorre 47 dias antes da Páscoa e a quinta-feira do Corpo de Cristo ocorre 60 dias após a Páscoa.
A Páscoa é celebrada no primeiro domingo após a primeira lua cheia que ocorre depois do equinócio da Primavera (no hemisfério norte, outono no hemisfério sul), ou seja, é equivalente à antiga regra de que seria o primeiro Domingo após o 14º dia do mês lunar de Nisan. Poderá assim ocorrer entre 22 de Março e 25 de Abril.
O cálculo da data da Páscoa é fundamental na definição do calendário cristão desde os primórdios da cristandade, tornando-se definido na Idade Média.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

As Máscaras - The End

... A multiplicidade de suas formas, que muitas vezes funde numa mesma figura traços humanos e animais, bem expressa a infinidade de forças circulantes no universo que, captadas pela máscara, aglutinam-se de modo a permitir ao ser humano confrontar-se com potências que jazem
dormentes no mundo interior, desconhecido e sombrio.
A máscara dramática introduzida pela primeira vez
por Téspis fazia figurar o prósopon, isto é, a pessoa ou o personagem que,
em latim, se diz persona, sinônimo de máscara, também de caráter ou papel representado pelo ator.
Dar-se conta das diferentes personas que vestimos, isto é, estar
consciente das máscaras que servem ao ego em seu exercício de
(re)velar-se aos outros, é fase preliminar e imprescindível de todo
e qualquer processo de auto-conhecimento, a que o psiquiatra suíço
Carl G. Jung (1875-1961) chama de individuação. Isto porque,
forçosamente, para que estabeleçamos contato com o mundo exterior,
assumimos aparências que nem sempre correspondem àquilo que somos essencialmente. Sob o prisma da psicologia junguiana, a persona
encarna a metáfora da fixidez da máscara do ator que, no transcorrer
de sua recitação, desenvolve o papel que lhe cabe procurando fazer
coincidir as qualidades de seu personagem com a mobilidade plástica de seu rosto. Desse modo, tornar-se consciente da própria persona ou de seus aspectos mais relevantes, é perceber aquilo que "já somos" no mundo, posto que a persona traz elementos fortes de caráter que nos são dados desde as primeiras experiências de vida e que se cristalizam sobre o ego ao longo de todo um complexo processo de desenvolvimento da personalidade.
A persona "per si", é claro, não pode ser entendida como traço psíquico
patológico; nem a constatação óbvia de que nos valemos de certas máscaras que intermediam as relações humanas pode ser chamado simplesmente de hipocrisia. As personas são mesmo necessárias e representam até certo ponto um sistema útil de defesa. Tornam-se patológicas quando o ego as valoriza em absoluto e deixa-se enganar por sua mera aparência, a propósito, aquela mesma com ele quer se mostrar aos outros. Em tais circunstâncias neuróticas, comuns por sinal, o ego converge a energia psíquica quase que exclusivamente para os papéis sociais assumidos e guarda uma consciência cada vez mais virtual dos verdadeiros valores perdidos em seu mundo interior, esquecendo-se de si próprio e preterindo o revitalizador caminho da individuação. Nestes casos, restamos presos em nossas próprias armadilhas tal qual o ator que se deixa dominar por seu papel a ponto de perder a noção de sua genuína identidade, negligenciando o verdadeiro sentido de sua existência.

As Máscaras

As máscaras estão presentes há muito tempo conosco, cada um tem a sua; sendo elas apenas um artefato para simples fantasia ou uma falha de caráter, onde dependendo do caso, é quase uma segunda pele.
Como o blog é bem eclético, e procura deixar em voga, assuntos interessantes para os curiosos de plantão, e principalmente para satisfazer os devaneios de minha idiossincrasia diferenciada, estará a disposição o artigo a seguir:

Máscaras - As Mil Faces de Deus
Por Paulo Urban
Publicado na Revista Planeta nº 362 / novembro 2002


Enigmáticas, inquietantes, trágicas ou cômicas, assustadoras ou belas, as máscaras compõem um extraordinário acessório de formas e funções múltiplas, cujas origens se perdem na noite universal dos tempos. Simples ou complexas, articuladas ou imóveis, antropomorfas, zoomorfas ou híbridas, feitas de folhas, de cascas e de ramos vegetais ou de tecido, de pele ou de couro, de madeira, de conchas, forjadas em ouro, prata ou outros metais, esculpidas em pedra ou cozidas em cerâmica, moldadas em papel etc, as máscaras são artefatos omnipresentes que espelham as sociedades que as engendram.
Sua ocorrência é de tal ordem diversificada que, desde os primórdios
da humanidade, pelos cinco continentes encontramos variações de seu
uso que chegam quase ao infinito. Remarquemos ainda que mesmo os
povos primitivos que ignoraram os mais simples utensílios e
ferramentas e que prosperaram sem sequer conhecer a roda, fabricavam
suas máscaras para usá-las num contexto ritualístico e sagrado.
Estudos antropológicos e descobertas arqueológicas feitos a partir
do século 19 atestam serem as máscaras mais difundidas pelo mundo do
que o arpão, a alavanca e o arado.
A primeira máscara de que se tem registro está gravada, entre centenas de outras figuras, na caverna labirinto de Trois Frères, em Ariège, nos
Pirineus, datada do Paleolítico Superior (30.000 a 10.000 a.C.),
descoberta em 20 de julho de 1914. Com a eclosão da I Grande Guerra dali a um mês, seu estudo só pôde ser iniciado pelo abade Henri Breuil em 1918. O arqueólogo interpreta a imagem rupestre do feiticeiro barbudo, cujas pernas são de homem e cujos membros dianteiros são de urso, como um xamã antropozoomórfico que, usando máscara de cervo, preside um ritual de cura e caça, associado à fertilidade.
Etimologicamente, o termo máscara tem origem controversa. Para uns procede do italiano maschera que, no século XIV, se constituiu sobre a forma anterior mascara. Originalmente, estaria relacionada ao baixo latim mediterrâneo masca, cujo sentido era o de "demônio" e que no século VII assume a acepção de "bruxa ou feiticeira", que se transferiu ao francês occitânico. Para outros, o termo maschera introduziu-se na Itália a partir das invasões árabes, sendo corruptela de mashara, a significar "personagem bufão", por sua vez derivado do verbo sahir, que quer dizer "ridicularizar".
Dentre as inúmeras funções das máscaras está a de reanimar os mitos que sustentam os costumes sociais; por meio de seu uso os homens cumprem seus ritos cosmogônicos e tomam consciência de seu lugar no universo.
Compreendamos melhor essa relação nas palavras do
etnólogo Claude Lévi-Strauss: “Animada por seu portador, a máscara
transporta a divindade até a Terra, ela revela sua realidade e a
mistura à sociedade dos homens; inversamente, quando se mascara, o
homem atesta sua própria existência social, manifesta-a, codifica-a
à custa de símbolos. A máscara é a mediadora por excelência entre a
sociedade e a natureza, e a ordem sobrenatural subentendida.”
Portanto, cumpre ressaltar, as máscaras se revestem de um poder
mágico especial; por meio delas podemos ter acesso ao mundo
invisível e, por isso, não são inócuas. A máscara e seu usuário se
alternam e se mesclam numa só (inter)face; estabelece-se assim, por
intermédio dela, uma ponte onde supostamente se condensa a força
vital capaz de apoderar-se daquele que se coloca sob sua proteção. Máscaras são, destarte, instrumentos de possessão. ... continua...