terça-feira, 15 de janeiro de 2008

"A Camélia - Final"

Não foi difícil, ao curar via satélite à cegueira de Stevie Wonder – idéia do Adilson -, vencer os poodles que dançavam rumba, nem o fortão que levantava um fusca, mas quando a senhora maranhense de nome Leocádia pois o pé todo dentro da boca, o público foi ao delírio – e Jesus ficou em segundo.
Não voltou para a Catacumba. Comprou uma Skol – latão -, meteu-se num bloco que passava e, cantando “A Jardineira”, entregou para Deus. Foi aí que o mundo acabou.
As trombetas do apocalipse tocaram, mas a cidade ensandecida achou que era apenas uma tuba perdida na multidão. A chuva de enxofre, tomaram por confetes e serpentinas. Os gafanhotos do tamanho de cavalos e o grande dragão vermelho, com sete cabeças e dez chifres, engolindo o sol, acharam que era flashback de um ácido dos anos 70. Só Jesus entendeu o que estava acontecendo. Quando viu o lago de fogo surgindo sob seus pés, abriu os braços, olhou nos olhos de uma morena e cantou: “Não fique triste que esse mundo é todo teu / tu és mais bonita que a camélia que morreu”.
Houve então um grande estrondo, depois o silêncio tomou conta de tudo, fizeram-se novamente as trevas sobre a face do abismo, e o espírito de Deus voltou a pairar sobre as águas.

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